Dados do Trabalho


Título

FATORES ASSOCIADOS À REFRATARIEDADE EM PACIENTES COM EPILEPSIA DO LOBO TEMPORAL MESIAL

Objetivo

Investigar fatores preditivos de refratariedade em pacientes com Epilepsia do Lobo Temporal Mesial (ELTM).

Métodos

Estudo transversal retrospectivo que envolveu a análise de dados de 76 pacientes diagnosticados com ELTM, acompanhados no ambulatório de neurologia durante o período de 2011 a 2021. Este estudo recebeu aprovação do Comitê de Ética em Pesquisa sob o CAAE 67039223.4.0000.5515. Foram incluídos pacientes com idade acima de 18 anos e excluídos aqueles com ELTM secundária. As informações coletadas foram categorizadas em variáveis quantitativas — idade de início dos sintomas, duração da epilepsia e intervalo entre as duas últimas crises — e variáveis qualitativas, incluindo a presença de esclerose hipocampal (EH), histórico de evento precipitante inicial (EPI) e presença de crises com generalização secundária. Foi realizada análise descritiva por meio de frequências simples e relativas para as variáveis qualitativas e medidas-resumo para as variáveis quantitativas. Para avaliar a associação entre as variáveis em estudo e a refratariedade, foi ajustado um modelo de regressão logística univariado, sendo que as variáveis que apresentaram p≤0,20 foram incluídas no modelo multivariado. O nível adotado para considerar a significância estatística foi de α = 5%.

Resultados

Observou-se que 46,1% dos pacientes com ELTM são refratários ao tratamento. Além disso, foi identificado que 60% dos pacientes possuíam EH detectada por Ressonância Magnética de Crânio, enquanto 42,7% dos pacientes apresentaram episódios de generalização secundária das crises. Um histórico de EPI foi relatado em 30,6% dos casos. Apenas o intervalo entre as duas últimas crises foi associado à refratariedade (p= 0,017). Quanto às outras quatro variáveis avaliadas, apenas a presença de EH (p=0,123) obteve um nível de significância p≤ 0,20 para ser incluída na análise multivariada. Na análise multivariada, apenas o intervalo entre as duas últimas crises foi considerado significativamente associada à refratariedade (p=0,006) como fator de risco, sendo a OR = 1,005 (1,001; 1,008).

Conclusão

Apenas o intervalo entre as duas últimas crises emerge como um fator significativo de refratariedade em pacientes com ELTM. As divergências entre os resultados deste estudo e os da literatura sublinham a necessidade de conduzir pesquisas com um maior número de pacientes, a fim de avaliar as outras variáveis descritas como associadas à refratariedade.

Palavras Chave

Epilepsia refratária; Epilepsia do Lobo Temporal; Epilepsia Resistente a Medicamentos; Crises Epilépticas; Análise Transversal.

Área

NEUROLOGIA

Autores

ANNA CAROLINA FERRETTI WISENFAD, JOAQUIM FERREIRA BRITO, SUELEN UMBELINO SILVA, MARIA TERESA CASTILHO GARCIA SANTANA