Dados do Trabalho

Título

REDUÇÃO DE EXTRASSÍSTOLES VENTRICULARES COM USO DE OXIGENIOTERAPIA EM PACIENTE COM DOENÇA PULMONAR OBSTRUTIVA E HIPOVENTILAÇÃO

Contexto

O objetivo deste relato de caso é informar a possibilidade de diminuir a densidade de extrassístoles ventriculares com uso de oxigenioterapia, além de estimular a produção de novos trabalhos sobre o uso de oxigenioterapia em arritmias, para além do CPAP, o qual já é bem estabelecido na literatura. Essa terapia pode ser uma opção, especialmente, para pacientes com hipoventilação e doença pulmonar obstrutiva (DPOC), visto que estes costumam apresentar patologias cardíacas associadas, incluindo possíveis arritmias

Descrição do(s) Caso(s) ou da Série de Casos

Homem, 82 anos, foi internado para tratamento de DPOC exacerbado por pneumonia bacteriana. No primeiro dia de internação, paciente estava assintomático, porém tinha frequência cardíaca de 105 bpm e saturação de oxigênio (satO2) de 83%. Após ser estimulado a respirar fundo e de forma rítmica, a satO2 se elevou para 95%, o que demonstrou certo grau de hipoventilação. Solicitado eletrocardiograma (ECG) que evidenciou trigeminismo com extrassístoles ventriculares e bloqueio de ramo direito. Devido a relação de extrassístoles com hipoventilação e DPOC, de acordo com literatura, equipe opta por introduzir cateter de oxigênio a 2L/min, com objetivo de manter satO2 entre 88-92%. Após uma hora, ECG mostrou diminuição da densidade de extrassístoles. Seis horas após, paciente não apresentava mais extrassístoles, assim como em ECGs subsequentes em uso de oxigênio.

Comentários

Atualmente, estudos tem mostrado que a hipoventilação, a apneia obstrutiva do sono (SAHOS) e o DPOC interferem sobre o sistema de condução cardíaco. Nesses casos, a hipóxia gera estresse oxidativo, inflamação e alteração na sensibilidade dos barorreceptores, o que aumenta a atividade simpática. Cronicamente, essas alterações podem gerar remodelamento muscular e nervoso do coração. Além disso, são altamente preditivas de arritmias e, até mesmo, de morte súbita, sendo que as arritmias mais descritas são a fibrilação atrial, as extrassístoles ventriculares e arritmias ventriculares fatais.
A partir desse conhecimento, foi estabelecido o uso de CPAP, principalmente na SAHOS, o qual diminui a ocorrência de alterações cardíacas, como a densidade de arritmias e a morte súbita. No entanto, o uso de outros dispositivos de oxigenioterapia em pacientes com DPOC e com hipoventilação, visando a diminuição de desfechos cardíacos, ainda não são bem estabelecidos. Esse relato de caso busca estimular o desenvolvimento de novas abordagens de oxigenioterapia, a fim de evitar mortes súbitas e a diminuição de sobrevida.

Palavras Chave

Doenças do aparelho respiratório; Doença Pulmonar Obstrutiva Crônica; Arritmias Cardíacas; Hipoventilação; Oxigenoterapia.