Dados do Trabalho

Título

Endocrinopatias múltiplas adquiridas por uso de inibidor de checkpoint - Pembrolizumabe: Relato de caso

Contexto

Neste relato de caso, discutimos a apresentação clínica, o diagnóstico e o manejo de um paciente de 70 anos que desenvolveu, em um período de 6 meses, várias endocrinopatias: hipotireoidismo primário, insuficiência adrenal secundária e diabetes mellitus devido ao uso de pembrolizumabe, um inibidor de PD-1.

Descrição do(s) Caso(s) ou da Série de Casos

Um homem de 70 anos, teve diagnóstico de câncer primário de bexiga em fevereiro de 2020. Foi iniciado tratamento com pembrolizumabe em setembro de 2021. Em dezembro de 2021, desenvolveu tireoidite, evoluindo para hipotireoidismo primário., iniciando na ocasião reposição de levotiroxina. Em fevereiro de 2022, foi hospitalizado com queixas de inapetência, emagrecimento de 7 kg, astenia, tontura e náuseas. Os exames laboratoriais revelaram hipopotassemia, hipofosfatemia e níveis baixos de cortisol sérico e de ACTH. Foi, portanto, diagnosticado um quadro de insuficiência suprarrenal secundária. Em abril de 2022, o paciente voltou a apresentar quadro de emagrecimento, acompanhados dessa vez de poliuria, polidpisia e nicturia. Sua glicemia estava acima de 600 mg/dL, sendo então iniciada insulinoterapia em esquema “basal bolus”, com insulina glargina e fiasp. Em maio de 2022, optou-se pela suspensão do pembrolizumabe.
Atualmente, o paciente se encontra vivo e faz uso de metformina XR 2 g/dia, prednisona 5 mg/d, levotiroxina 125 mcg/dia, rosuvastatina 10 mg/dia e paroxetina 40 mg/dia.

Comentários

Embora os anticorpos monoclonais PD-1 ou PD-L1 se mostrem efetivos na atividade antitumoral em muitos tumores sólidos, por outro lado, na literatura é possível encontrar relatos de eventos adversos associados como: hipofisite, hipotireoidismo, insuficiência adrenal primária e secundária, alterações gastrointestinais, dermatológicas, hepáticas dentre outras condições secundárias ao uso de tais inibidores. A literatura demonstra que alterações endocrinológicas como hipotireoidismo, hipofisite e insuficiência adrenal são mais relatados, porém casos em que cursam com Diabetes Mellitus tipo 1 são mais raros. No caso do paciente cuja história foi relatada, após uso de imunoterapia com pembrolizumabe (anti- PD-1), houve o desenvolvimento de hipotireoidismo primário, insuficiência adrenal secundária e diabetes mellitus tipo 1. Dessa forma, este caso expõe a relevância de acompanhar com atenção os pacientes submetidos à imunoterapia com ICI, principalmente aqueles com maior predisposição a condições autoimunes.

Palavras Chave

Doença de Hashimoto; Hipofisite; Diabetes Mellitus Tipo 1; Antineoplásicos imunológicos;