Dados do Trabalho


Título

LINFOMA DE BURKITT PRIMÁRIO DO FIGADO

Contexto

O fígado é um local primário pouco comum para o aparecimento de linfoma, compreendendo apenas 0,4% dos linfomas extranodais, sendo o envolvimento hepático quase sempre secundário ao linfoma sistêmico. O linfoma hepático primário tem sido relatado como ocorrendo com maior frequência em doentes imunodeprimidos, especialmente com infeção crônica por hepatite C, e pode estar associado à infeção por hepatite B e ao vírus Epstein-Barr.
Os doentes apresentam habitualmente dor ou massa no quadrante superior direito, com ou sem icterícia, e mais comum em adultos do sexo masculino de meia-idade. O diagnóstico de linfoma extranodal ou de linfoma hepático primário pode ser difícil, especialmente em pessoas convivendo com com o vírus da imunodeficiência humana (HIV) positivo ou com a síndrome da imunodeficiência adquirida (aids).
Devido à sua raridade, é frequentemente ignorado como possível diagnóstico diferencial, sendo os achados imagem inespecíficos e o diagnóstico definitivo efetuado apenas após exame anatomopatológico e imuno-hitoquímico. Apresentamos um raro caso de linfoma de Burkitt que se apresentou como massas hepáticas.

Descrição do(s) Caso(s) ou da Série de Casos

Homem branco de 39 anos portador do vírus da imunodeficiência humana (HIV) com diagnóstico recente (menos de 6 meses) e contagem de CD4 de 34/µL, apresentou-se ao pronto atendimento com quadro de perda de peso acentuada (aproximadamente 30 kg em 2 meses) sem motivo aparente associado a dor epigástrica de leve intensidade, fadiga e queda do estado geral. Exames iniciais mostravam uma carga viral de HIV superior a 1.5 milhão/copias em uso de terapia antirretroviral e exames de perfil hepático eram inicialmente normais, apresentado alteração apenas nas enzimas canaliculares, sendo GGT: 1039 mg/dL (VR: 9-36 mg/dL) e FA: 1190 mg/dL (VR: 40-150 mg/dL) com marcadores tumorais incialmente sem alterações. Realizada tomografia computadorizada de abdome que evidenciou pequena quantidade de líquido livre na cavidade abdominal e pélvica associado à presença de múltiplas lesões focais hepáticas sólidas e heterogêneas acometendo grande parte dos lobos direito e esquerdo sendo alguns confluentes, a maior medindo cerca de 13 cm de diâmetro no lobo direito.

Comentários

Fica evidente que o tratamento do linfoma hepático deve considerar uma equipe multidisciplinar que inclua hematologista, hepatologista, infectologista e cirurgião hepático a fim de otimizar diferenças entre as condutas terapêuticas com objetivo de aumentar a sobrevida destes pacientes.

Palavras Chave

Linfoma Relacionado a aids; Linfoma de Burkitt; Neoplasias Hepáticas

Área

CIRURGIA GERAL

Autores

JOAO KLEBER DE ALMEIDA GENTILE, Beatriz Terezinha Franco Renesto, Luis Fernando Alves Miléo, André Cosme Oliveira, César Cilento Ponce, Rosely Antunes Patzina, Walter Moises Tobias Braga