Dados do Trabalho
Título
Febre de Origem Indeterminada e Esplenomegalia em paciente jovem previamente hígido.
Contexto
A febre de origem indeterminada clássica é definida como a presença de temperatura maior ou igual a 38,3°C, por mais de três semanas, permanecendo sem diagnóstico após três consultas ambulatoriais ou pelo menos três dias de investigação em ambiente hospitalar. Está comumente associada a infecções, neoplasias, doenças autoimunes ou miscelânea. Em pacientes com esplenomegalia, a apresentação clínica costuma ser grave, tendo como principal causa descrita os linfomas. Em muitos desses casos, o diagnóstico só foi alcançado com a esplenectomia
Descrição do(s) Caso(s) ou da Série de Casos
Paciente do sexo masculino, 22 anos, sem antecedentes mórbidos ou histórico relevante de exposição. Buscou atendimento com queixa de febre diária há 1 mês, aferida em 39 a 40°C, acompanhada de cefaleia temporal e occipital e tosse seca, com perda ponderal de 10Kg. Negou inapetência, náuseas, vômitos ou dispneia. Havia sido tratado para dengue, porém apresentava NS1 negativo. Descartados HIV, tuberculose, hepatites B e C, mononucleose, leishmaniose, ITU e outras infecções. FAN negativo. Líquor com pressão de abertura normal, celularidade ausente e bacterioscopia negativa. ecocardiografia transesofágica sem alterações. TC de abdome com esplenomegalia. Biópsia por agulha do baço com arquitetura preservada e leve hiperplasia de células retículo-endoteliais. Ausência de doença linfoproliferativa na imunohistoquímica. Repetidos os exames, foram encontradas áreas hipodensas parenquimatosas na tomografia do baço, sugestivas de lesão focal, com hipercaptação ao PET-CT. Sem linfonodomegalias. Sem sinais de neoplasia ou outros processos patológicos na biópsia. Exames laboratoriais com anemia leve, plaquetas e leucócitos normais. Paciente se manteve estável hemodinamicamente. Após extensa avaliação, nenhuma etiologia foi definida. Paciente recebeu alta com 2 meses de internação, após 4 dias sem febre. Manteve-se afebril até a última consulta ambulatorial, 2 semanas depois.
Comentários
Relata-se caso de paciente jovem com febre de origem indeterminada por cerca de 2 meses, sem achados após exaurir investigações, com remissão do quadro. A literatura acerca da indicação de esplenectomia em paciente jovem, sem fatores de risco, é ainda incipiente e necessita aprofundamento para construção de diretrizes. No caso, o procedimento não foi indicado, considerando suas complicações, em contraste com idade, estado de saúde, e evolução clínica do paciente.
Palavras Chave
Febre de Origem Indeterminada; Esplenomegalia; Esplenectomia
Área
CLÍNICA MÉDICA
Autores
LARAH LETHÍCIA DIAS PASTRO, Eduardo Santos Pires Thomé, Géssica Alves Oliveira, Guilherme Acioli Landim, Lucas da Costa Galli, Daniela Miti Tsukumo Seixas