Dados do Trabalho


Título

Múltiplos choques inefetivos do CDI em paciente com Miocardiopatia Dilatada por Doença de Chagas

Contexto

O Cardioversor Desfibrilador Implantável(CDI) constitui uma importante modalidade terapêutica para a reversão de taquicardia e fibrilação ventricular, contribuindo para a prevenção de morte súbita, sendo uma alternativa à intervenção cirúrgica em diversas situações. Entretanto, há situações clínicas em que podem ocorrer múltiplos choques inefetivos do CDI, resultando em quadros clínicos de difícil manejo, como neste relato de caso.

Descrição do(s) Caso(s) ou da Série de Casos

Paciente do sexo feminino, 54 anos, portadora de cardiomiopatia dilatada chagásica com disfunção sistólica grave de VE, Fração de Ejeção de 18% e dilatação de todas as câmaras cardíacas, SIDA, Tuberculose e amaurose persistente secundária a glaucoma. Recebeu implante de CDI para prevenção secundária de morte súbita após internação por Taquicardia Ventricular(TV) Monomórfica pós-isquêmica. Teve episódios de choques apropriados causados pelo CDI em resposta a TVs rápidas associadas à má aderência medicamentosa, porém inefetivos(sem reversão da arritmia). Os traçados de eletrocardiograma revelaram diversas alterações incomuns. Evoluiu com internação para reprogramação do dispositivo com aumento da largura da onda de choque, e depois com nova internação após recidiva dos choques, também apropriados mas inefetivos. Paciente considerado pela equipe inelegível para transplante cardíaco em decorrência da presença de múltiplas comorbidades e de significativa vulnerabilidade social e familiar. O tratamento com ablação também foi contraindicado neste caso pela frágil condição clínica do paciente. A otimização das medicações antiarrítmicas resultou em alta da última internação e em maior bem-estar para o paciente, que encontra-se em seguimento ambulatorial.

Comentários

Relata-se o caso de paciente com implante de CDI para tratamento de TV Monomórfica secundária à cardiopatia dilatada grave por Doença de Chagas, com alterações nos traçados de Eletrocardiograma após recorrentes episódios de choque. As condições de vulnerabilidade social extrema da paciente e a fragilidade clínica inviabilizaram o tratamento com transplante cardíaco e ablação. Desse modo, medicamentos antiarrítmicos e a reprogramação do CDI constituíram a melhor opção terapêutica para este caso de prognóstico e manejo restritos. Este relato objetiva a discussão do manejo clínico de um atípico caso de ineficácia do CDI, temática pouco explorada na literatura disponível.

Palavras Chave

cardiologia; Desfibriladores Implantáveis; Taquicardia Ventricular; Doença de Chagas

Área

CARDIOLOGIA

Autores

JOÃO PEDRO GUEDES XAVIER, Fernando Piza de Souza Cannavan, Eduardo Santos Pires Thomé, Larah Lethícia Dias Pastro, Juliano Simião Cardozo, Eros Antônio de Almeida, Luiz Cláudio Martins