Dados do Trabalho


Título

HANSENÍASE: DOENÇA MILENAR AINDA COM ALTA TAXA DE LETALIDADE NO BRASIL

Objetivo

A hanseníase é uma doença infecciosa crônica, causada pelo Mycobacterium leprae, a qual afeta principalmente a pele e os nervos periféricos. Contudo, apesar dos esforços contínuos para combatê-la, tal como a desmistificação de preconceitos com a doença, esta ainda representa um desafio significativo para a saúde pública no Brasil, sendo o país o segundo com maior número de casos no mundo, segundo dados da Sociedade Brasileira de Hansenologia. Nesse sentido, é de extrema relevância a compreensão da morbimortalidade por tal entidade clínica, diante do cenário epidemiológico nacional. O estudo visa realizar uma análise quantitativa da mortalidade por hanseníase no Brasil durante a última década (2011 a 2020).

Métodos

Utilizou-se uma abordagem retrospectiva para analisar os dados de mortalidade por hanseníase no Brasil, entre 2011 e 2020, provenientes do Sistema de Informações sobre Mortalidade (SIM) do Ministério da Saúde. As variáveis examinadas foram unidade da federação, sexo, escolaridade e faixa etária.

Resultados

A análise revelou um total de 1.606 óbitos em tal década, com 198 óbitos em 2011 e 116 em 2020, uma queda de 41%. O teste de regressão linear confirmou a tendência decrescente, com coeficiente de correlação = 0,847 e R2 = 0,717 (p < 0,05). Disparidades significativas foram observadas entre os Estados, com Maranhão, Minas Gerais e Bahia apresentando elevadas taxas de mortalidade. Em contraste, Estados como Roraima, Amapá e Santa Catarina exibiram os menores números. Em relação ao gênero, 72,7% dos óbitos ocorreram em homens, uma disparidade que remete a diferenças sociais na busca de assistência médica. Indivíduos com nenhuma ou baixa escolaridade representaram 56,5% dos óbitos, sugerindo lacunas no acesso a serviços de saúde e informações que possibilitem uma compreensão da gravidade da doença.

Conclusão

A tendência decrescente na mortalidade indica progresso. No entanto, as marcantes disparidades regionais, de gênero e educacionais ressaltam a necessidade de intervenções mais direcionadas. Assim, estratégias que promovam equidade no acesso à saúde, condições sanitárias, monitoramento e adesão ao tratamento são essenciais para mitigar a mortalidade por hanseníase em grupos vulneráveis. É vital complementar as estratégias contra a hanseníase com ações para reduzir as desigualdades socioeconômicas. A luta contra a hanseníase no Brasil vai além do tratamento da doença, abrangendo também a transformação das condições sociais que a perpetuam.

Palavras Chave

hanseníase; Epidemiologia; Mortalidade

Área

INFECTOLOGIA

Autores

CAIO VINICIUS BOTRLHO BRITO, Thor Amaral de Castro, Italo Rangel Soares Waughan, Cristiana Santana Age Burlamaqui, Eduardo Costa Silveira Aguiar, Flávia Alessandra Mendes Barbosa, Renan Miranda Corrêa