Dados do Trabalho
Título
SÍNCOPE INDUZIDA POR TOSSE, RELATO DE CASO DE UM PACIENTE EM HEMODIÁLISE
Contexto
A Síncope é definida como a perda transitória da consciência decorrente de hipoperfusão cerebral, caracterizada por ausência de reação e de tônus postural, de início rápido, curta duração e recuperação espontânea completa. O caso relatado e publicações levantadas trazem à luz a discussão do diagnóstico e terapêutica da síncope reflexa, e evidenciam que, embora associada à baixa mortalidade, apresenta alta incidência na população, constituindo uma das principais causas de urgência nos atendimentos médicos.
Descrição do(s) Caso(s) ou da Série de Casos
G.A.P.F; sexo masculino, 69 anos, ex- tabagista, admitido com quadro de tosse produtiva associada à síncope, com perda da consciência e movimentos involuntários. Possuía obesidade, doença renal crônica, em hemodiálise, hipertensão arterial sistêmica, diabetes mellitus tipo II, neuropatia diabética, doença arterial obstrutiva periférica e cirurgia prévia de amputação transtibial bilateral.
Comentários
O envelhecimento acarreta inúmeras modificações cardiovasculares, as quais, associadas às comorbidades e à polifarmácia, amplificam a propensão à síncope. O diabetes mellitus dificulta o aumento compensatório normal do fluxo sanguíneo cerebral, decorrente da hipercapnia; a neuropatia diabética acomete os neurônios do SNC, com consequente perda do automatismo do sistema nervoso simpático e parassimpático. A hipertensão arterial afeta a autorregulação do fluxo cerebral, resultando em hipoperfusão. Além disso, em indivíduos obesos, a dinâmica ventilatória e o retorno venoso ficam prejudicados devido ao excesso de adiposidade que reveste o tórax e ocupa o abdômen, dificultando a expansibilidade torácica. A tosse aumenta a pressão intratorácica, diminuindo o retorno venoso e o débito cardíaco, hipoperfundindo o cérebro momentaneamente, justificando a ocorrência de síncope reflexa no paciente em questão. Ademais, durante a internação, observou-se que os episódios de síncope ocorriam durante as sessões de hemodiálise após a retirada de grandes volumes, sendo outro fator precipitante da síncope, por redução do volume intravascular e hipofluxo cerebral. Após o tratamento do quadro respiratório e da redução da ultrafiltração a cada sessão de hemodiálise, além da adição de uma sessão extra a fim de evitar hipervolemia e diminuir a taxa de ultrafiltração, o paciente recuperou-se de forma adequada e não apresentou recorrência do quadro. Entretanto, foi encaminhado para acompanhamento no ambulatório de cardiologia, mantendo a vigilância dos sintomas.
Palavras Chave
Síncope; vasovagal; hemodiálise; tosse
Área
CLÍNICA MÉDICA
Autores
SARAH DOS SANTOS TEIXEIRA DE LIMA, Miucha Morena Salles da Silveira, Natália Augusta de Miranda, Ana Beatriz Alcântara Parreira, Michelle Lopes Marcucci, Gabriela Miranda de Camargo, Marcella Marques Rodrigues de Almeida, Trycia Nunes Vieira Bueloni