Dados do Trabalho

Título

Novo episódio de Tromboembolismo pulmonar (TEP) em paciente com Lúpus Eritematoso Sistêmico anticoagulada (LES) há 5 dias

Contexto

LES é uma doença autoimune crônica com manifestações heterogêneas e curso imprevisível e inflamação sistêmica que contribui para hipercoagulabilidade e disfunção endotelial, levando ao aumento do risco de eventos trombóticos se existir positividade de anticorpos como anticoagulante lúpico e anticardiolipina. Esse relato retrata caso de paciente com diagnóstico de lúpus, sem eventos trombóticos prévios, cujos anticorpos apresentavam-se negativos.

Descrição do(s) Caso(s) ou da Série de Casos

CAP, mulher, 53 anos, hipertensa, com retinopatia por cloroquina e LES, em uso de prednisona e enalapril. Procurou atendimento por dor torácica e dispneia iniciada em 31/07 associada à sudorese, náusea e febre.
Foi submetida a AngioTC de tórax com falhas de enchimento nas artérias pulmonares segmentares e subsegmentares para os lobos superior e inferior bilateralmente, sendo prescrita enoxaparina dose plena e suporte em UTI em 05/08.
Apresentava FAN 1:640 padrão nuclear pontilhado, Coombs direto negativo, Anti-Ro e Anti-La reagentes, Anti-DNA não reagente, C3 e C4 normais.
Recebeu alta para enfermaria em 08/08. No dia seguinte evoluiu com dessaturação, dispneia, hipotensão e rebaixamento do nível de consciência. Realizado ECG com taquicardia sinusal, padrão de S1Q3T3 e ecocardiograma beira leito com aumento importante de VD, D-Shape e hipertensão pulmonar importante. Pelo risco iminente por instabilidade, foi realizada trombólise.
Readmitida em UTI em uso de droga vasoativa e suporte ventilatório não invasivo. Em investigação de autoanticorpos como AC e AL apresentou: AC IgG e IgM negativos e AL fracamente positivo no teste dRVVT e negativo no segundo método. Em ultrassom Doppler de todas as extremidades mostrou trombose de veia poplítea direita. Assim, foi realizada a passagem de filtro de veia cava.

Comentários

O LES prevalece no sexo feminino, reduz após a menopausa e exacerba durante a gravidez, o que sugere uma relação direta com a taxa de estrógenos. No Brasil, estima-se 8,7/100.000 pessoas/ano, com mortalidade de 3 a 5 vezes maior do que a da população geral.
A morbimortalidade desta doença é resultado de sua atividade crônica, intermitente e complicações do uso de imunossupressores. Um terço das pessoas com LES possuem diagnóstico conjunto de SAAF7, sendo 8 mulheres por homem acometido. Um estudo de metanálise recente mostrou um aumento de risco estatisticamente significativo (RR de 4,38) de trombose venosa em paciente lúpicos, maior se paciente menor que 40 anos.

Palavras Chave

LES; TEP; reumatologia; autoimune; SAF.