Dados do Trabalho
Título
A SOLIDÃO COMO PREDITORA PARA O DESENVOLVIMENTO DE DECLÍNIO COGNITIVO
Objetivo
O presente estudo teve como objetivo identificar se a solidão é preditora do declínio cognitivo após dois anos em adultos de meia-idade e em pessoas idosas.
Métodos
Trata-se de um estudo longitudinal e quantitativo, realizado com adultos de meia-idade (≥45 anos) e pessoas idosas (≥60 anos) cadastrados nas Unidades de Saúde da Família e Comunidade do município de Três Lagoas, Mato Grosso do Sul. Foram entrevistados 216 indivíduos em dois momentos, sendo o primeiro entre fevereiro e dezembro de 2021 e o segundo entre março e julho de 2023. A coleta de dados incluiu informações de natureza sociodemográfica (sexo, idade e escolaridade), aplicação da Escala de Solidão (UCLA-BR) e do Mini-Exame do Estado Mental com notas de corte adaptadas para a escolaridade. Os dados coletados foram analisados por modelos de regressão logística multinomial brutos e ajustado. O estudo foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa da Universidade (Parecer nº 4.467.405 de 2020).
Resultados
Os participantes tinham uma média de 63,2 anos de idade e 6,1 anos de escolaridade, sendo a maioria mulheres (67,1%). Com relação à avaliação da solidão, 18,1% dos participantes apresentaram solidão leve a intensa, os demais possuíam solidão mínima. Na avaliação cognitiva, 24,1% dos indivíduos apresentaram declínio cognitivo na primeira coleta. Na segunda coleta, 75,9% se mantiveram sem declínio cognitivo ou deixaram de ter declínio cognitivo, 14,8% se mantiveram com declínio cognitivo, e 9,3% passaram a apresentar declínio cognitivo. Os participantes que tinham solidão leve a intensa na primeira avaliação tiveram maior chance (OR = 5,52, p=0,003) de desenvolver declínio cognitivo após dois anos, independente de sexo, idade e escolaridade.
Conclusão
A solidão em adultos de meia-idade e em pessoas idosas foi um fator predisponente para o desenvolvimento do declínio cognitivo após dois anos. Diante disso, verifica-se a necessidade da abordagem de questões relacionadas à solidão e ao isolamento social na anamnese desse grupo etário, bem como do desenvolvimento de políticas públicas que visem a redução dos índices de solidão na população que envelhece, a fim de prevenir o declínio cognitivo e garantir o bem-estar geral.
Palavras Chave
Solidão; Disfunção Cognitiva; Saúde do Idoso.
Área
GERIATRIA
Autores
Felipe Gutierres Machado Kepe, Andressa Bicalho Marques, Maria Gabriella Pereira dos Santos, Pedro Arthur Chagas e Silva, Priscila Neres Parreira, Marcelo Kwiatkoski, Tatiana Carvalho Reis Martins, Bruna Moretti Luchesi