Dados do Trabalho


Título

Peritonite esclerosante encapsulante: um relato de caso

Contexto

A peritonite esclerosante encapsulante é uma rara complicação de pacientes que realizam diálise peritoneal, sendo caracterizada por hipertrofia peritoneal, com espessamento ou esclerose do peritônio. Ocorre mediante ao longo tempo de realização da diálise peritoneal, devido à exposição ao líquido dialítico. Sua incidência é rara, com mortalidade elevada, chegando a 78%. O paciente se apresentará com um quadro clínico de peritonite, com a causa possivelmente esclarecida à tomografia computadorizada. Justifica-se a descrição do caso por ser uma complicação rara, com necessidade de intervenção adequada e correta, tratando a causa do problema, evitando terapêuticas e condutas desnecessárias.

Descrição do(s) Caso(s) ou da Série de Casos

R.C.C.F, 29 anos, masculino, em diálise peritoneal há 11 anos devido a nefrite tubulointersticial crônica por refluxo vesicoureteral e histórico de pielonefrite crônica. Admitido com dor abdominal, febre e prostração com evolução de 1 semana, tendo sido medicado com ciprofloxacino e metronidazol por 7 dias. Sem melhora, foi internado, recebendo diagnóstico de peritonite sendo escalonado antibioticoterapia empírica para vancomicina e amicacina endovenosa as quais usou por 21 dias. Neste período houve estabilização do quadro febril e do desconforto abdominal tendo recebido alta hospitalar em modalidade hemodialítica. Após 10 dias, retornou com piora clínica e laboratorial, recidiva de quadro febril sendo diagnosticada nova peritonite bacteriana. Realizada tomografia evidenciando quadro de peritonite encapsulada esclerosante. Iniciada metilprednisolona em dose baixa, associada a tamoxifeno, evoluindo com melhora do padrão inflamatório e estabilização clínica

Comentários

O diagnóstico precoce da peritonite esclerosante encapsulante é essencial, pois a condição pode progredir para uma fase em que as opções terapêuticas se tornam muito limitadas e o prognóstico piora significativamente. No caso apresentado, o paciente já tinha vários fatores de risco para a doença, incluindo histórico de pielonefrite crônica e diálise peritoneal. A dor abdominal recorrente, associada a elevação dos marcadores inflamatórios, deveria ter levantado suspeitas imediatas como um diagnóstico diferencial. No manejo de dor abdominal em pacientes de diálise peritoneal, é vital considerar esta hipótese, já que muitas vezes ela se apresenta com sintomas inespecíficos os quais podem ser confundidos com condições mais benignas, atrasando o diagnóstico.

Palavras Chave

Peritonite; diálise peritoneal; Abdome Agudo;

Área

NEFROLOGIA

Autores

LUCAS HENRIQUE DE CARVALHO MACHADO, Daniela Dos Santos Zica Noronha